segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ANÁLISE DO DEBATE NA RBA


Por Renato Santos e Luiz Feitosa *

Beto e Edivaldo

Edvaldo – PSOL: Não conseguiu se diferenciar dos demais, o que é uma obsessão constante de seu partido. Não conseguiu ser o diferencial, no sentido de instigar, cobrar e ironizar, como referências de seu partido conseguem fazer bem, a saber, Edmilson e Heloisa Helena. Muito apático, embora com fala firme, coerente e boa postura, não conseguiu se conectar com as pessoas, portanto, passando uma condição de semelhante a todos. Não se consegue perceber aprofundamento de proposições, com pouquíssimas falas neste sentido, das quais exemplificamos: Os Centros Culturais da Juventude nos bairros e o Plano Imediato de Infraestrutura e Saneamento. O seu pontoalto foi na resposta à pergunta de Luis Freitas, quando se associou à imagem de Edmilson.


Vavá Costa

Vavá – PPS: Talvez o pior dos debatedores. Muito afeito aos seus escritos, tanto para perguntar, como para responder. Com esta postura, passou uma ideia de não conhecer nenhum assunto com propriedade, tendo de recorrer sempre à leitura, para poder expressar-se. Nem assim, conseguia argumentar, pois balbuciava muito, lia errado e não conseguia utilizar o tempo estabelecido nas regras. Esta série de erros não deu condições para que expressasse direito suas propostas.


João Bernardes

João Bernardes – PV: Talvez o diferencial do debate, pois, com uma fala popularesca e gesticulação constante, conseguia chamar atenção, embora tenha se mostrado visivelmente limitado, especialmente no que se diz respeito a conhecimento, a seu programa, com falas muito genéricas e ainda, por vezes, na articulação de ideias, pois seguidas ocasiões balbuciava. Todavia se diferenciou por não estar entre os 4 melhores candidatos em pesquisas, como também, por não ter experiência administrava recente, por isso mesmo acabou por atrair a atenção e cumprir um papel de diferencial que poderia ser do PSOL. Não passou em branco no debate, ou seja, conseguiu aparecer e se mostrar, mesmo com suas limitações.


Chicão

Chicão – PMDB: Mostrou-se apagado. Foi o pior debatedor, principalmente por representar atual administração. Não conseguia falar como alguém que domina a administração, embora tenha tentado. Seu ponto alto foi o diálogo com o Pioneiro, quando por duas vezes alfinetou com perguntas sobre a gestão comparada entre 8 anos de Pioneiro e 8 anos de Helder. Por vezes tinha uma expressão que beirava o nervosismo e a insegurança. Além de cometer erros imperdoáveis para um candidato debatedor, como chamar o candidato Pioneiro de Prefeito, ao se referir ao mesmo, evidenciando uma relação antiga, hoje desgastada. Foi a decepção do debate, pois se esperava muito mais dele.


Pioneiro

Pioneiro – PSDB: Visivelmente distanciado da realidade do município e sem propostas consistentes, apelava para seu carisma com o povo e a admiração que a população nutre por ele, utilizado jargões, como: ‘você sabe’, ‘vou governar com você’ ou ‘para você’ e similares. Não há conteúdo em suas falas, isto é reflexo do seu programa de governo. Utilizou falas evasivas, superficiais e genéricas, apenas fundadas no ‘eu vou fazer’. Não se revelou um debatedor irônico perante os demais candidatos, por estar em primeiro nas pesquisas, pois poderia ganhar antipatia do eleitorado. Talvez este fosse um diferencial no debate. Houve de certa forma, uma perda de identidade, induzida pelo seu marketing, que o prejudicou. Por isso, teve um desempenho ruim e foi o segundo pior, perdendo apenas para o Chicão, em falta de expressão e conteúdo.


Eliel Faustino

Eliel – PR: Não se deixou passar desapercebido no debate. Assumiu uma postura de detentorde conhecimento, com fala branda e bem pausada, postura bem alinhada e expressão de ‘inteligência’. Teve falas firmes, sem se perder no que dizia. Suas limitações são programáticas e administrativas, pois não acrescentou ideias novas ao debate e não conseguiu dizer o quê já fez, pois nunca assumiu cargos executivos. Seu desempenho positivo se limita, portanto a sua postura. Seu ponto alto está relacionado com a pergunta de Luis Freitas sobre as emendas orçamentárias dos deputados-candidatos para Ananindeua. Utilizou bem sua marcar de uma Nova Ananindeua, fazendo uso recorrente disto para diferenciar-se. Tentou emplacar uma suposta mediação e trânsito com os governos federal e estadual, mas não conseguiu neste debate.


João Batsta Pte do PT Pará e Luís Freitas

Luis Freitas – PT: Conseguiu ligar-se à imagem de Lula e Dilma, o que é muito positivo para sua campanha. Sua vantagem sobre Eliel é exatamente o fato de ter conteúdo, ter propostase poder falar de coisas que já conseguiu realizar, quando foi secretário municipal, o que foi demonstrado quando abordou os setores da cultura e do transporte. Sua fala, embora com conteúdo não utilizou recursos possíveis, como a ênfase, a brandura e a pausa, que poderiam ser utilizados de forma alternada, ocorrendo, por vezes certa pressa em comunicar a mensagem. Utilizou pouco a sua marca da Mudança de Verdade, ao contrário de Eliel. Mesmo sendo o mais propositivo, poderia explorar mais o seu Programa, como na oportunidade em que falou sobre Cultura. Poderia ter ganho o debate com mais facilidade, exatamente por conta de suas vantagens programáticas, que não se evidenciam apenas sobre Eliel, e sim sobre todos os outros, pois já os analisamos e na sua maioria se mostram fracos e perderam a oportunidade de se apresentar no debate, especialmente por suas propostas. Luis Freitas poderia obter ganhos evidentes, mas não conseguiu dar o
xeque-mate em Pioneiro, algo que seria enaltecido, caso o fizesse com uma pitada de acidez e
ironia - o que não foi detectado em Edvaldo e, tão pouco em João Bernardes, a surpresa do debate.
Esta atitude, certamente, instigaria os debatedores e esquentaria o morno debate. Sem isso, não lhe possibilitou ser o diferencial entre os debatedores. Talvez nos outros debates possa corrigir sua estratégia para aliar conhecimento, conteúdo, propostas, experiência administrativa e superioridade em relação aos demais concorrentes. A estrutura do debate e a distribuição do tempo impediu que o debate fosse mais profundo. Isto é uma característica dos debates paraenses. Esperamos que ocorram mais debates e que surjam as polêmicas que dão sabor a esse tipo de apresentação aos eleitores. Os grandes ausentes foram os Programas de Governo, pois basta ler as propostas que foram cadastradas no CANDEX-TSE, para comprovar quem de fato se preparou para governar Ananindeua, somente dois conseguiram demonstrar um bom e exequível programa de governo e apresenta-los no debate: Eliel e, especialmente, Luis Freitas.

* Renato Santos é bacharel e licenciado pleno em Geografia pela UFPA. Militante dos Movimentos Sociais de Ananindeua e coordenador do Instituto Nova Cidade. Oriundo de setores progressistas da Igreja, como as CEBs, Pastorais Sociais e Pastoral da
Juventude.
** Luiz Feitosa é professor universitário, bacharel e especialista em estatística pela UFPA. Mestrando em Ciência Política pela UFPA.

Fonte: AnanindeuaDebate
Fotos: Rui Baiano

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